Cinematografia Brasileira

SÉRIE / CANAL BRASIL

Sobrepostas

Por Milena Seta

introdução

Certo dia, no início de 2020, recebi um convite feito pelo produtor executivo Camilo Cavalcanti e um e-mail das diretoras de cena maravilhosas Lívia Cheibub e Martina Sönksen.
No e-mail, elas já introduziram um pouco sobre o projeto, um programa de TV que estavam produzindo para o Canal Brasil.

A proposta era que a apresentadora (Ana Cañas) recebesse mulheres cis e trans para compartilharem suas histórias de sexo e autoconhecimento, desconstruindo o tabu da sexualidade feminina.

A abordagem dos temas é sobre a perspectiva de mulheres que são protagonistas das suas próprias narrativas. As trocas têm o intuito de naturalizar o assunto, nos incentivando a olhar para as nossas questões e estimular a confiança para nos auto revelarmos.

A ideia foi criar um espaço seguro de escuta e troca. A estética para as cenas ficcionais seria ditada pela emoção e pelo sentimento que as histórias contadas nas entrevistas trouxessem.
A intenção também era subverter a linguagem dos programas “clássicos” de entrevistas. Ao longo da série, as cenas ficcionais iriam ilustrar as experiências compartilhadas pelas convidadas. Imagens sensoriais e pornográficas, buscando uma revalorização do corpo, cada um com a sua subjetividade e experiência.

Fizemos um primeiro call para nos conhecermos e conversarmos sobre o projeto. O match foi à primeira vista.
A paixão pela série era mútua.

O projeto ficou paralisado durante um ano e alguns meses por conta da pandemia, mas as trocas eram constantes. Não tivemos muito tempo de pré-produção por uma questão de cronograma e de estrutura, apesar de a equipe estar muito unida e alinhada.

A partir daí começamos a mergulhar fundo e ter trocas diárias, fizemos inúmeras reuniões com as cabeças de cada departamento (e pra isso a escolha da minha equipe também foi essencial) e tínhamos um GRANDE desafio:
Conseguir entregar e realizar cada um dos episódios em muito pouco tempo, com muitas limitações e com uma verba geral bem pequena para todos os departamentos (eu por exemplo, levei vários objetos da minha casa pra ajudar na direção de arte hahaha, que foi feita pela minha amiga talentosíssima Tamara Soriano).

A troca era mútua, uma ajudando a outra, sempre com vontade e muito respeito.
O formato do programa tem uma proposta mais desconstruída, tanto em relação à narrativa quanto em relação à linguagem.
“A estética será́ ditada pela emoção, pelo sentimento que as histórias contadas trouxerem”, esse sempre foi o fio condutor para as cenas ficcionais, que tinham a intenção de ter um tom naturalista (tanto na luz quanto nos movimentos), cinematográfico e ao mesmo tempo beirando o documental.

A entrega foram 13 episódios de 15 minutos cada, cada um com um tema específico sobre sexualidade dentro do universo feminino:

1. Primeiro relacionamento
2. Masturbação
3. Ménage
4. Motel
5. Jorro
6. Sexo após HIV
7. Orgasmo
8. Sexo oral
9. Primeira transa
10. Sexo menstruade
11. Sex Toy
12. Primeiras sensações de prazer
13. BDSM

Filmamos tudo em 12 diárias, divididas da seguinte forma:

• 1 diária pré light
• 7 diárias entrevistas + cabeças + introduções.
• 4 diárias cenas ficcionais.

O cronograma era MUITO apertado (tanto de pré, quanto de filmagem e de pós também) e a logística foi bem agitada.
Tínhamos pouco tempo e pouca verba para realizar tudo da forma que gostaríamos, mas, dentro do que tínhamos, ficamos muito felizes e satisfeitas com o resultado e principalmente com o processo, que foi de muito aprendizado.

Nessa matéria vamos falar especificamente das cenas ficcionais, embora o programa tenha um formato de TV, com entrevistas, cabeças e introduções.

LOCAÇÃO

Tivemos 2 dias de visitas de locação na pré, com 4 opções de casas.
Havíamos escolhido uma delas dentre as outras, a que mais funcionava para nós. Porém, por motivos de desistência da moradora, tivemos que nos adaptar em outra locação.
Precisávamos de uma casa com muitos ambientes, pois tínhamos 13 episódios diferentes para cumprir.

A casa era térrea, o que nos ajudou bastante em relação ao workflow, o pé direito tinha aproximadamente 3 metros, mas, no geral, os ambientes eram pequenos, o que me limitou um pouco em relação aos enquadramentos, mas deu certo!

Usamos os seguintes ambientes para cada episódio das cenas ficcionais:

Primeiro relacionamento
Quarto 2 e laje

Masturbação
Quarto sem mostrar locação (planos fechados)

Ménage
Sala 1

Motel
Quarto 4

Jorro
Sala 1

Sexo após HIV
Quarto 3

Orgasmo
Sala 2

Sexo oral
Sala 2

Primeira transa
Banheiro

Sexo menstruade
Lavanderia

Sex Toy
Sala 1

Primeiras sensações de prazer
Quarto e externas sem muito
o background (planos fechados)

BDSM
Cozinha

ABORDAGEM VISUAL

As diretoras (Lívia e Martina) já tinham muito na cabeça o que elas queriam em relação a estética.
Havia inspirações trazidas por elas, conectando a narrativa com toda a parte visual (fotografia, arte, figurino), o formato, linguagem, etc.

Para a parte de entrevistas e cabeças, por exemplo, elas trouxeram uma referência em específico de um dos trabalhos da artista estadunidense Carrie Mae Weems, “Kitchen Table Series”.
Entre outras inspirações, estavam ainda Alex Prager, séries como “Sex Education” e filmes como “Retrato de uma Jovem em Chamas” e “Carol”.

Houve muitas trocas, pesquisas, conversas.
Para as cenas ficcionais as inspirações vieram muito mais das nossas próprias experiências e vivências do que de outros filmes, sejam eles pornôs ou não. E, contando que as diretoras têm o documental como principal referência, muitas das cenas buscam criar esses cenários que flertam com o real, com o cotidiano.
O tema das primeiras vezes, por exemplo, traz junto muitas das nossas próprias memórias. Como o nosso time é formado majoritariamente por mulheres, buscar em nós mesmas a forma de criar essas cenas foi um processo natural e, inclusive, coletivo.

Então, além de o programa ter conseguido juntar profissionais muito talentosas, o que é visível no resultado final, existiu uma simbiose, algo potente que aconteceu quando mulheres se juntaram para escutar e representar a história de outras mulheres.

A fotografia valoriza o sensorial, a intimidade da câmera com a pele, as texturas dos corpos e seus contornos. É para fazer sentir na pele, sem pressa e bem de perto. O equilíbrio perfeito entre uma abordagem realista, quase documental, e uma sensação poética e cinematográfica para criar ainda mais emoção.

EQUIPAMENTOS

Tive que pensar em uma estratégia em relação à equipe e aos equipamentos que coubesse no orçamento do projeto e, ao mesmo tempo, conseguir chegar numa estética que acreditávamos.

A intenção era:

Pensar em uma fotografia que fosse aconchegante, que tivesse uma luz suave e naturalista, texturas macias e ao mesmo tempo sharps, dando ênfase às
peles
pelos
poros
e suas nuances.

Buscar um conceito de cor mais “otimista” e ao mesmo tempo criar um visual que seja atemporal.

Alcançar um paradoxo visual entre o suave e o nítido, o que também funciona muito bem com a variedade de tons de pele e texturas.

Tínhamos duas listas de câmera:
uma para as entrevistas e cabeças de introdução do programa, e outra para as cenas de ficção.

Nas diárias de ficção, conseguimos uma parceria linda com o André Manfrim, pela qual eu optei de olhos fechados, pois mesmo limitada a esse kit atendia às expectativas, embora adaptadas… hahaha!

Usei uma ARRI Alexa mini com o jogo esférico das Zeiss standard 2.1 (16mm, 24mm, 32mm, 50mm, 85mm).

Também usei filtros difusores como o Glimmerglass e o Hollywood Black Magic, variando de episódio para episódio, de acordo com o conceito de cada programa. Gosto da combinação dos dois filtros, que suavizam as peles, as bordas e os detalhes de uma maneira única, enquanto adiciona um brilho suave para destacar as altas, mantendo as informações nas baixas.
Ultimamente eu tenho usado bastante a mistura desses 2 filtros.

Optei por filmar em UHD, Proress 4444XQ. Por ter tido um tempo limitado de pós, logisticamente precisávamos já ir convertendo o material no set. Então a logger ficou responsável diariamente por essa função.

Agradeço por todos os parceiros que nos ajudaram com os equipamentos:
André
Vini Piran
22 Locações

ILUMINAÇÃO

A lista de luz que eu tinha era bem pequena e adaptada dentro da nossa estrutura. Por isso e pelo tempo curto que tínhamos para filmar tudo com uma equipe bem reduzida, na maioria dos eps eu utilizei de uma fonte única, outros de 2 fontes, outros só luz natural.
Tudo dependia da logística e do orçamento .
A proposta da iluminação sempre foi conduzida em parte pelo desejo de manter as coisas naturais, mas também pelo conceito poético e otimista do projeto.
Uma das linhas condutoras era destacar a sensorialidade e permear entre o documental e o cinematográfico.
Estabelecermos uma estética naturalista, trazendo poesia e verdade para as cenas.
As temperaturas de cor variam dentro dos episódios, tornando mais um veículo para conduzir sensações ao público.
Minha Chefe de elétrica Barbara Lopes , parceira de vida e amiga eterna, somou muito com a sua sensibilidade e técnica, desde a pré produção até a pós produção.
Fomos criando paralelamente e bem juntinhas o mood de cada episódio.

ACOLHIMENTO

Como a gente sempre quis criar essa roda de afeto e ter uma casa que fosse um lugar seguro para a conversa acontecer, esse espaço já era acolhedor por si só.
As diretoras conversavam e preparavam os atores na copa da cozinha enquanto a nossa figurinista Celina Spolaor separava os looks. Um lugar de memórias de casa de vó.

A relação com os atores começa muito antes das filmagens. Lívia e Martina se envolvem muito com cada um dos atores e atrizes.
Para elas, era primordial que os atores sentissem prazer nas cenas. Quando a gente passava as cenas pela primeira vez no cenário pronto, era muito legal vê-los adentrando esse espaço.

O casting era formado por atores e artistas que trabalham no pornô amador, pessoas dissidentes do pornô “tradicional”, outros vieram do teatro. Todos são profissionais e pessoas muito queridas. A nudez e a troca com outros corpos é algo muito mais natural para eles.

O nosso processo de feitura desse programa foi de costura coletiva. Todas as profissionais envolvidas trouxeram algo muito delas para a elaboração e execução do programa. Muito foi co-criado e foi surgindo como fruto desse encontro. Foi uma gestação coletiva.

CENAS FICCIONAIS POR EPISÓDIO

É vital recuperar o direito à própria sexualidade, para que possamos o quanto antes começar a criar novas memórias e dar novos significados ao amor.

O processo de roteiro e concepção dos episódios passou pela inspiração em cada uma das convidadas. Assim, cada cena ficcional de cada episódio tinha claramente um objetivo, uma atmosfera e um arco narrativo que conduziu as decisões de fotografia e direção de arte.

Episódio 1:

Primeiro Relacionamento

O primeiro episódio tinha um objetivo muito claro de criar uma sensação de aconchego, de segurança do lar e de um sexo matinal, despretensioso.
A gente queria naturalizar o amor e o afeto no cotidiano doméstico deste casal, que acorda junto e se beija e se curte com carinho e com tesão. Por isso trouxemos uma luz bem naturalista, com volume e mandrakes marcados pela própria janela da locação.

Usei apenas uma fonte de luz que vinha da janela, um Nanlite forza 500 com 30×10 para difundir um pouco, mas a intenção era gerar volumes tanto nas peles quanto no background.
No movimento optamos por usar o steadicam (operado pelo Zuga, parceiro que tem um olhar super sensível), que passeava pelos corpos dos atores, criando uma atmosfera bem intimista.
Já na cena final, que é o Catra e a Verônica (atores) tomando um café na laje, nos programamos para usar a luz natural ao nosso favor.
Queríamos um sol da manhã com um contra mais marcado e usamos um rebatedor isopor bem sutil para as peles (estávamos filmando por volta as 7:40 horas, no momento em que o sol batia especificamente onde queríamos), além da presença de flares, trazendo uma sensação onírica, leve.

Episódio 2:

Motel

Desde o início, as diretoras quiseram criar o nosso próprio motel, dentro das nossas limitações.
Junto com a nossa dupla de direção de arte, Tamara Soriano e Fernanda Selva, criamos o Motel Shanghai. Tem uma referência à estética do Wong Kar Wai e toda sua sensualidade enigmática, mas que a gente quis subverter um pouco.
As cores são mais carregadas, tanto na arte quanto na luz.
O verde, por exemplo, vibra para algo mais sexy, divertido e tem um tom mais pop e brasileiro.
O vermelho é mais quente, trazendo um mood mais sexual.

Brincamos com luzes diegéticas em cena e contrastes cromáticos através da luz e da arte.
Usei uma Rifa 650w com colmeia na girafa, bem zenital as atrizes e a cama, luzes diegéticas nos abajures e um contra bem sútil para reforçar o background.
Optei por usar tripé e câmera na mão.
A liberdade na narrativa e a diegese das diretoras fazem com que a atmosfera das cenas transpire sentimentos e sensações.

Episódio 3:

Sexo Menstruade

A nossa convidade do episódio sobre Sexo Menstruade é a AJ, pessoa não-binárie que transa menstruade.
O sangue menstrual é algo muito tabu, dado que ele é retratado por um líquido azul nas propagandas de absorvente enquanto vemos cabeças sendo cortadas e jorrando sangue em qualquer filme que passa à tarde na televisão.
Por isso, construir um episódio que trouxesse leveza, beleza e naturalidade para uma cena de sexo entre duas pessoas que envolvessem menstruação, era imprescindível.
Além disso, a escolha da lavanderia da casa foi para quebrar com a ideia de um sexo com sangue ter que acontecer em uma cama com uma toalha.

Quisemos e tivemos que explorar a locação, uma casa real e todos os seus cômodos. A lavanderia ficava do lado de fora da casa, era muito apertada e tinha uma janela que nos ajudou a criar a atmosfera da cena.
Os tecidos de voal no varal trouxeram leveza e poesia, pude utilizar deles para criar primeiros planos e começar com um olhar mais voyeur, criando uma atmosfera sexy sem ser fetichizada e brincando com a delicadeza das atrizes sem que esses corpos precisassem performar conforme a expectativa de gênero.

Usei apenas uma fonte de luz que vinha do lado de fora da porta da lavanderia,
um HMI 1800w, filtrado com CTO e 30 x10.
Começamos filmando com um steadicam e, quando a cena se tornou mais intimista (meio para o final), eu entrei na ação junto com as atrizes e optei por ir com a câmera na mão, principalmente por ser um espaço muito limitado.

Episódio 4:

Ménage

No episódio do Ménage, honramos a personalidade da Mepe, que é uma inspiração de liberdade, alegria e hedonismo. A sala da casa de “Sobrepostas” tinha móveis clássicos, de madeira escura, e a mesa, o quadro e as arandelas (que usamos ao nosso favor) formavam o cenário para o nosso banquete dionísiaco. Mas no caso o banquete eram esses corpos, vivendo a experiência do ménage, na qual um homem era o objeto de desejo de duas mulheres e não o inverso, como costume
E como não existe roteiro para ménage, deixamos os atores livres para se moverem ao redor da mesa, ou em cima dela.
Usei uma fonte de luz única, além das diegéticas, combinando um contraste cromático entre o quente e o frio.

Episódio 5:

BDSM

Quisemos descolar o BDSM de uma estética ‘tradicional’ focada em roupas de látex e objetos de couro e correntes, para algo caseiro e corriqueiro. Algo que você faz em casa, antes do café da manhã ou enquanto cozinha o feijão.
Como esse episódio tinha um tom mais documental e ao mesmo tempo mais “cômico”, optei por usar a 16mm bem pertinho e colada nos atores. Já havíamos criado uma intimidade grande ali, esse foi o último episódio que filmamos.
Embora eu estivesse bem perto deles, me atentei bastante para interferir o menos possível na ação dos dois.
Aqui eu também utilizei apenas uma fonte única de luz, uma Nanlite Forza 500, com 30×10 para difundir, criando uma atmosfera bem naturalista.

Episódio 6:

Primeira Transa

Muita gente acha que PCD (pessoas com deficiência) não transam. E faz sentido, porque essas pessoas são raramente representadas no audiovisual e na publicidade, quem dirá nos pornôs. Por isso, a ideia para a cena da Primeira Transa foi mostrar que sim, mulheres PCD têm vida sexual ativa como qualquer outra pessoa.
A convidada Eva conta que “A água é um ambiente libertador” para ela, que se sentia amparada pela sustentação que a água dá. Por isso, a banheira na cena se tornou um elemento importante, quase que uma protagonista.

Aqui utilizei 2 fontes de luz vindas das janelas e espelhos da arte a favor da luz, rebatendo e marcando um mandrake sutil no background.
Começamos filmando no tripé e no decorrer da ação optamos por ir com a câmera na mão.

Episódio 7:

Sexo Oral

A personagem do episódio é uma mulher trans amada, admirada e desejada. Nossa representação é de uma mulher feliz e totalmente à vontade com o seu corpo.
Ela está num relacionamento e a cena é com o seu namorado pela manhã na sala da sua casa. Este episódio tem um tom de romantismo quase nunca visto em associação às narrativas de mulheres trans.
Também existia uma vontade de criar um cenário e uma atmosfera caribenha, com texturas e tons interessantes através da direção de arte.
Aqui utilizei um HMI 1800w vindo da Janela. O tecido / cortina azul ajudou a criar um tom interessante e diferente.
Optamos pelo tripé.

Episódio 8:

Sexo Após HIV

Existia uma preocupação em não estigmatizar os corpos gordos e nem estigmatizar os corpos de pessoas que possuem HIV. Por isso, pensamos em uma cena de sexo com muito prazer entre os atores.
Nesta cena, era importante que tivesse sexo oral, penetração e gozo.

O tom azulado do episódio veio para criar a sensação e remeter o sexo à “luz da lua” de uma forma diferente.
As diegéticas quentes ajudaram a criar um leve contraste cromático.
Utilizei o Nanlite forza 500 com 30×10 e CTB vindo da janela, marcando mais o contraluz, preservando o contorno dos corpos, além de uma Kino Flo de 4 lâmpadas 0,60 para ter uma informação suave na beira da cama.
Começamos filmando no tripé e no decorrer da ação optamos por ir com a câmera na mão.

Episódio 9:

Primeiras Sensações de Prazer

A maior inspiração para o episódio era a viagem ao tempo para resgatarmos as memórias daquilo que não tinha nome. Coração disparado, sensações da pele, excitação, pulsação, vibração, um corpo em despertar erótico.
A descoberta do clitóris é uma memória compartilhada.
Para retratar esses sentimentos, apostamos nas cenas corriqueiras da adolescência com uma atmosfera de lembrança, quase sonho.
Rodamos todas as cenas em planos fechados e luz totalmente natural, pois tínhamos muito pouco tempo para realizá-las e pensamos nessa estratégia para conseguirmos cumprir.
Filmamos no tripé e câmera na mão.

Episódio 10:

Masturbação

Já quando o assunto é a naturalização da masturbação feminina, existiu também o cuidado em criar imagens que popularizaram esse imaginário, tão punido para as meninas.
Por isso, o auto toque merece ser representado de forma erótica e também habitual, ou seja, de forma que quebra com noções de um mundo ordenado, controlado, opressor. Neste episódio, entre algumas cenas de banco de imagens para retratar fenômenos da natureza usadas como metáforas visuais das sensações corporais, encontramos diferentes vulvas em super close e diferentes mulheres se masturbando, cada uma à sua maneira, um antídoto a todas as falas punitivas relacionadas à masturbação feminina.
As escolhas musicais também trazem esse ritmo de pulsão sexual, de Ana Cañas, entre outras cantoras até o momento do orgasmo que é acompanhado de um lindo grito cantado na voz cristalina de Gal.

Rodamos todas as cenas em planos fechados e luz totalmente natural, pois tínhamos muito pouco tempo para realizá-las e pensamos nessa estratégia para conseguirmos cumprir.
Filmamos no tripé e câmera na mão.

Episódio 11:

Jorro

No episódio sobre o jorro, nos baseamos na experiência da nossa entrevistada Kiran (que teve seu mais delicioso squirt com sexo oral feito por uma mulher), portanto a gente queria desmitificar que mulheres só atingem o squirt com penetração e, muitas vezes, com penetração bem intensa, quase bruta.
Pensando que o jorro tem uma potência feminina, de mulher-natureza e pensando que o corpo é água, todo conceito dessa cena foi pensado como um rio que corre dentro que em algum momento, escorre. E por isso as cenas contam com muitos fluidos, nos beijos, na saliva, nas lubrificações naturais do corpo.

Esse foi o primeiro episódio que captamos das cenas de ficção.
Como eu nunca tinha tido a experiência de filmar sexo, optei por ficar mais distante das atrizes e ter um olhar mais contemplativo através de uma câmera mais observacional, porém intimista, que não interferisse em nada nas ações das personagens.
Assim eu também conseguiria entender um pouco da dinâmica de funcionamento de rec.

Rodamos todas as cenas em planos fechados e luz totalmente natural, pois tínhamos muito pouco tempo para realizá-las e pensamos nessa estratégia para conseguirmos cumprir.
Filmamos no tripé e câmera na mão.

Episódio 12:

Orgasmo

Em “Orgasmo”, foi importante criar uma cena sofisticada, na qual a atriz que recebe o spanking é super segura de si e muito lúcida sobre o que faz ela ter prazer.
O piano foi um objeto que acabou se tornando essencial para a cena, sendo tocado pela atriz enquanto ela ia culminando ao orgasmo.

Aqui era muito importante captar a pele, que ficou bem avermelhada e marcada pelos objetos sexuais, além das palmadas que Ana recebia do seu parceiro de cena.
As diretoras quiseram dar ênfase a essas texturas.
Usei uma Rifa 650w com colmeia na girafa, bem zenital ao elenco + um ponto sutil diegético do abajur, onde reforcei com um dedo light 150w. Começamos filmando no tripé e no decorrer da ação optamos por ir com a câmera na mão.

Episódio 13:

Sex Toy

Para o episódio dos Sex Toys, filmamos em table top os diferentes cenários que representavam, cronologicamente, as fases da vida da sexualidade feminina até os dias atuais.
Dos livrinhos infantis aos vibradores mais modernos que, na última cena, estão estremecendo sob o lençol compondo uma sinfonia vibratória.

Para ilustrar alguns dos usos dos vibradores, apostamos em um pot-pourri de cenas de todos os outros episódios os quais os atores e atrizes usaram os brinquedos, numa vasta sucessão de cenas de diferentes corpos, cenários e atmosferas reforçando que esses objetos podem e fazem parte da vida sexuais de diversas pessoas diferentes.
Usei uma Rifa 650w com colmeia 45o da mesa / objetos, com bandeiras e difusões.
Câmera estática e zenital.

PROCESSO DE COLOR

Antes de falar sobre cor, quero ressaltar o parceiro de muitos projetos Alex Lopes, uma pessoa super profissional, com um olhar sensitivo e que soma muito em diversos projetos que fazemos juntos.
O caminho que fomos buscando era tentar encontrar uma arte mais lúdica, mas trazendo muito para a vida real, pois as cenas ficcionais captadas não deixam de ser reais.
Misturamos as linguagens no color, pensando nas sutilezas do ficcional x documental.
Prezamos pelas verdades dos corpos, das peles, das texturas.
Cuidamos muito em respeitar e valorizar os tons de pele, lembrando que o projeto transitou em várias escalas cromáticas de peles.

Agradecimento
Especial

Sou muito grata por ter tido essa oportunidade e poder usufruir de tantas experiências satisfatórias e ensinamentos esclarecedores que serviram como espelhos de nós mesmas.
Agradeço a cada um da equipe de todos os departamentos, que foram tão especiais e essenciais.
Conseguimos concluir com amor, afeto, e uma pincelada de talento de cada profissional que fez a diferença pro resultado final.
Em especial a minha equipe de fotografia mini porém gigante e parceira demais <3:

Barbara
Vini
Carlinhos
Lais
Fernanda
Joice
Daniel
Zuga –  (2 diárias ficção)
Alex

Fotos de making of – Natália Arjones

FICHA EQUIPE TÉCNICA:

Criação e Direção: Lívia Cheibub e Martina Sönksen
Produção: Camilo Cavalcanti, Lívia Cheibub e Martina Sönksen
Clariô Filmes e Wild Galaxies

Apresentação: Ana Cañas
Convidadas: Luedji Luna, Josyara, Bianca Mepe, Bru Toledo, Preta Kiran, Marina Vergueiro, Thaís Mayume, Fernanda Bourbon, Eva Coutinho, AJ Ardas, Jen Pereira, Amanda Deja Puja e Anna Gabrielle.
Elenco Ficção: Anna Blue, Verônica Lins, Nego Catra, Aquele Mario, Tormenta Cósmica, Lorie, Miss Nox.

Roteiro: Safira Moreira, Martina Sönksen e Lívia Cheibub.
Direção de Fotografia: Milena Seta.
Produção Executiva Camilo Cavalcanti
Coordenação de Produção: Sofia Vontobel
Coordenação de Casting: Deah Pinheiro
Assist. de Direção: Tati Rabelo
Assist. de Pesquisa: Thainã Andrade
Produção de Elenco Aquele Mario e @lelineira

Direção de Arte: Tamara Soriano
Produção de Arte: Fernanda Selva
Assist. de Arte: Pedro Drunska e Pedro P. Millan

Som Direto: Juliana Santana
1ª Assist. de Câmera Entrevistas: Marília Morais
1º Assist. de Câmera Ficção: Daniel de Santi
2ª Assist. de Câmera e Vídeo Assist: LAISTX
Câmera 2ª Unidade: Fernanda Pinheiro
Steadicam 2 diárias: Zuga
Parceiro: Vini Piran

Chefe de Elétrica: Bárbara Lopes, DAFB
1º Assist. de Elétrica: Vinicius Torres dos Santos
2º Assist. de Elétrica: Gabriel Vigali
Chefe de Maquinária: Carlos Santos Grip

Figurino: Celina Spolaor
Assist. de Figurino: Juliana Ferrão
Produtora Ana Cañas: Juliana Periscinotto
Beleza Ana Cañas: Leo Ferreira
Beleza Convidadas: Ester Ganev

Montagem e Finalização: Natália Farias
Logger e Assist. de Montagem: Joice Temple
Assist. Montagem: Angelo Medeiros
Designer & Still: Natália Arjones

Mixagem: Eber Pinheiro
Trilha de Abertura: Alex Vaz
Colorista: Alex C. Lopes
Produção Locação: Bel Aquino
Assist. de Produção de Locação: Bia Vieira
Assist. de Produção: Ciça Oliveira e Beatriz Veloso

EQUIPE CANAL BRASIL
Coordenação de Projetos e Conteúdo: Marina Pompeu
Gerência Financeira: Luiz Bertolo
Gerência de Marketing: Camila Roque
Gerência de Negócios, Produção e Digital: Gesiele Vendramini
Direção de Programação e Aquisição: Alexandre Cunha
Direção Geral: André Saddy

Equipamentos:
22 Locações
André Manfrim
MR5 Locações
André Manfrim
Casa do Produtor
Cia do TP
Locadora F8
Locadora Full Frame

Catering: Umami Gastronomia
Transporte: LICS Executive Transfers, Águia Truck Transportes, Cinevan
Segurança: Claudinei Custodio, Marcel Damas Prodossimo, Renato de Souza Francisco
Bombeira: Amanda de Oliveira Santos
Limpeza: Inovar Serviços de Limpeza, Espedita Raymundo dos Santos

Operador de TP: Edinho One, Felipe Augusto, Marco Aurélio Rodrigues e Salvador Azeredo

Agradecimentos:
Céu Handmade
Cisô Atelier
Climaxxx
Copacabana Lab
Insecta Shoes
Janiero Body of Colours
Liquidificador de Cor
Loungerie
Melissa
MyBasic
Nuasis
Terezas
Vini Piran
Zé Delivery

MINI BIO

www.milenaseta.com

Milena Seta é fotógrafa cinematográfica e still. Entre 2014 e 2016, teve experiências no departamento de câmera em diversos projetos como assistente. Nos últimos anos, tem atuado como diretora de fotografia. Na publicidade, trabalhou para marcas nacionais e internacionais, como Nike, Boticário, Samsung, Audi, Natura, Motorola, Hershey´s, Elle e Converse. Fotografou videoclipes de cantoras e cantores como Liniker, Linn da Quebrada, Jaloo e Ricochet, entre outros. Para as revistas Vogue e Noize, produziu conteúdos documentais com Gal Costa, Xênia França, Iza, Marina Sena, Barbara Paes e Céu, entre outras artistas. Seus trabalhos mais recentes são longas-metragens, curtas, séries e documentários, como “Odu” (curta de Viviane D’Avilla), “Perda” (longa de Viviane D’Avilla), “Elas Estão Só Começando” (ESPNW), “Mi Bici y Yo” (Disney Channel), “Exploradores” (Disney Jr), “Falas de Orgulho” (Globoplay), “Fête de la Musique: L’homme Statue” (Coquetel Molotov e Loïc Koutana) e “Apenas um Coração Selvagem” (cinebiografia de Belchior).

Assine nossa Newsletter

Inscreva-se para receber novidades da Iris Cinematografia

Inscrição realizada com sucesso!